Aproveitando o sábado de céu azul, somado ao desconto do carioquinha, decidi visitar a Ilha Fiscal. Como minha dupla estava fora do Rio, arrastei minha parceira de aventuras e furadas para ir comigo, Mamãe!!
Saímos de Copa às 9h45, pegamos um ônibus com ar na Av. Nossa Senhora de Copacabana em direção a rua 1º de Março e 15 minutos depois estávamos lá. Para quem está saindo da zona sul com destino a 1º de Março, SUPER recomendo ir de ônibus, já que no fim de semana o trânsito é quase zero e além de você ficar na porta de quase todos os museus do centro, você ainda pode apreciar a vista do passeio, por toda praia de Botafogo e Aterro do Flamengo.
Como chegamos bem antes do horário de abertura do Museu Naval, aproveitamos para dar uma volta na feirinha da Praça XV. A feira, acontece todos os sábados e você encontra de um tudo! Roupas, casacos de pele, talheres de prata, cristais, figurinhas, capacetes, facas…eu poderia passar um dia descrevendo as peculiaridades que são possíveis encontrar por lá. (Quem sabe em breve não faço?) A feira ficava em baixo da Perimetral, mas depois da demolição, se mudou para a praça na frente do Paço Imperial. Achei ótima a ocupação, assim a praça ganha vida aos sábados.
Por causa das obras da Perimetral, para comprar o ingresso do passeio para a Ilha fiscal é preciso ir ao Museu Naval que fica ao lado do prédio da ALERJ. Recomendo fortemente chegar uns 5 / 10min antes do museu abrir. Apesar do barco ter capacidade para 90 pessoas, a velocidade em que lota depois que o museu abre é assustadora. Chegamos 5 para as 11h e já tinha uma galera na fila. Enquanto esperávamos abrir, uma guia do museu ficava andando pela fila nos explicando os horários e o que precisávamos levar no passeio.
O primeiro horário de visita a ilha é 12h30 e você precisa estar 20min antes do horário na frente do museu para ser conduzido ao barco. Eles tem outros passeios como o da Ilha das Cobras e da Baía de Guanabara, que é em outro horário. A dica da guia, se você quiser fazer os dois passeios no mesmo dia foi: pegar o primeiro horário para Ilha Fiscal e o último para a Baía de Guanabara. Depois de comprar o ingresso (numa fila que demorou bastante para o tamanho que tinha), saímos para fazer um lanche, já que como tínhamos sido informadas, o passeio dura em torno de 2h e na ilha não tem onde comprar comida ou beber água (parece que o bebedouro estava em reforma). Mas tem banheiro! No próprio Museu Naval tem onde comprar água e comida, eles tem uma lanchonete com preços super justos. Mas como somos pessoas nada saudáveis, voltamos para a feira da Praça XV e nos atracamos com um pastel de queijo. Como ainda tínhamos uns 30min até o horário de saída aproveitamos para conhecer o Museu Naval que é gratuito.
Confere aqui como foi a visita!
12h30 em ponto partimos escoltadas pelos membros da marinha até o cais. Atravessamos toda a Praça XV. Como o Museu da Marinha está desativado devido as obras da Perimetral o passeio está saindo do Museu Naval e a pé vamos até o cais no Museu da Marinha. No site eles avisam que apesar do passeio normalmente ser feito pela escuna Nogueira da Gama, quando a mesma está em manutenção ou as condições climáticas não permitem, o passeio é feito por micro-ônibus. O acesso a escuna é realizado através do rebocador, nos embarcamos nele, atravessamos e embarcamos na escuna do outro lado.
Depois de embarcar, em 15min aportamos na ilha. O grupo de 90 pessoas foi dividido em 3 grupos de 30 entre as 3 guias. A nossa guia Mariana, foi extremamente simpática e irreverente contando a história da Ilha fiscal.
A Ilha Fiscal, anteriormente chamada de Ilha dos Ratos, começou a ser aplainada e aterrada em 1881 para receber um posto alfandegário. Com localização privilegiada, de frente para a entrada da baía, facilitava a fiscalização de todos os navios e barcos que queriam descarregar suas mercadorias na cidade. A principio, seria uma construção simples sem grandes requintes, mas quando o imperador D.Pedro II foi a ilha conhecer o espaço se apaixonou. Assim sendo, virou para o engenheiro Adolpho Del Veccio e disse que aquele “estojo” tão bonito (se referindo a Baía de Guanabara com água cristalina na época, golfinhos e peixes, a vista deslumbrante do centro da cidade com prédios bem mais baixos que os atuais, toda as montanhas do Rio no horizonte, o Pão de Açúcar sem o bondinho, o corcovado sem o cristo) merecia uma jóia brilhante. O arquiteto entendeu a mensagem, e apaixonado pelo estilo gótico provençal, alterou todo o projeto para atender a solicitação do Imperador. O projeto era tão magnifico que ganhou a medalha de ouro na exposição da Academia Imperial de Belas Artes, sob a seguinte justificava.
“A construção planejada, tendo de ser levantada isoladamente em uma ilha, projetando-se sobre um fundo formado pela caprichosa Serra dos Órgãos, encimada por vasto horizonte, e de frente para a entrada da baía, devia causar impressão agradável aos que penetrassem no porto, suficientemente elevada para que pudesse facilmente ser vista de qualquer ponto entre a mastreação dos navios, e prestar-se ao mesmo tempo à fiscalização do ancoradouro.“
– Citação retirada do site O Rio de Janeiro –
A obra durou 7 anos, levando em consideração a velocidade das obras atuais e o fato que antigamente o acesso a ilha era só por barco (a conexão com o continente só foi feita em 1930), até que foi uma obra rápida. Em 27 de abril de 1889, o posto alfandegário foi inaugurado. O “castelo” é todo trabalhado em vitrais, feitos na Inglaterra pois na época os ingleses eram especialistas na técnica de pinturas em vitrais. Todos os detalhes e portais em pedra de cantareira foram feitos por escravos artesões ou escultures, tudo meticulosamente trabalhado com formões e goivas, um espetáculo para se ver de perto tamanha a perfeição dos encaixes.
As pedras utilizadas são o mesmo tipo de pedra que compõe o Pão de Açúcar, mas as usadas na obra foram retiradas do Morro do Pasmado. Bem no centro da fachada é possível admirar o único brasão da Família Real restante no Rio de Janeiro. De acordo com a nossa guia, Mariana, durante a revolta republicana todos os símbolos do império foram destruídos, o da ilha só escapou porque argumentaram que era uma construção premiada, outro igual a esse só no Museu Imperial em Petrópolis. O brasão é comemorativo e nunca estampou nenhuma bandeira brasileira. Composto pelo símbolo da família Bragança, a esfera que simboliza as conquistas portuguesas pelo mundo e 26 estrelas ao redor representando as 26 províncias que pertenciam ao Brasil na época, emoldurado por 2 grifos ou dragões (ao meu ver são claramente grifos) segurando dois ramos, um de café e outro de tabaco, simbolizando as 2 principais economias da época. O símbolo da família real esculpido em pedra é 3D, a esfera das conquistas portuguesas é vazada, um trabalho simplesmente incrível! Imagina o trabalho e cuidado necessário para esculpir isso.
Com a guia passamos pela exposição Amazônia azul, onde mostra toda a costa do Brasil e seu potencial de exploração. Depois subimos para a sala do almirante, por uma linda escada em espiral feita de pedra, os encaixes são absolutamente perfeitos. A sala é um espetáculo a parte. A parede toda decorada, apesar de parecer papel de parede (e na época já existir) é pintura. O chão é todo trabalhado em madeiras raras. E os vitrais, lindos, representam o Imperador com o brasão da família Bragança e o brasão do Ducado da Saxônia. Do outro lado a Princesa Isabel com os brasões do pai (Bragança) e do marido (Orleans). Nessa sala durante o último baile do império, foi onde trocaram as bandeiras entre o Brasil e o Chile.
A última parte do passeio é em uma sala onde tem um grande quadro representando o último baile do império. O quadro é uma cópia já que o original está no Museu Histórico Nacional. Além de um vídeo super legal onde uma aristocrata finge estar conversando com a baronesa e com isso nos narra como estaria sendo o baile.
O último baile do império ocorreu em 9 de novembro de 1889, às vésperas da revolução republicana. Foi uma festa para reafirmar o poderio da monarquia e para fazer média com oficiais do navio chileno Almirante Cochrane. Programaram um grande baile para mais de 1500 pessoas na Ilha Fiscal. Lugar onde não tinha banheiro…imagina só 1500 pessoas para 10 cadeiras higiênicas, aquelas de madeira, com um buraco no meio e um pinico de louça em baixo. Como nossa guia mesmo disse, na sua humilde opinião: “foi nesse dia que a Baía de Guanabara começou a ser poluída”. Brincadeiras a parte, foi nesse baile que o imperador tropeçou ao descer do barco e saiu a célebre frase: “o monarca tropeça mas a monarquia não cai!” – ai se ele soubesse o que ia acontecer dias depois.
Como ninguém nunca havia habitado a ilha, todos os móveis utilizados na festa foram alugados. Enquanto o material de uso cotidiano guardado no subsolo. Na parte da frente do castelo uma grande mesa foi colocada para o buffet self-service e na parte de trás 2 mesas em U foram colocadas para um jantar a la carte para cerca de 500 pessoas.
A ordem do passeio pode variar, mas no final, o importante é conhecer toda a ilha. Como apaixonada por história, posso dizer que foi muito bom ter conhecido essa “jóia” e ter feito mesmo que brevemente essa viagem no tempo.
Mariana, adoramos a visita! Recomendaremos muito!! E que você continue sempre essa guia irreverente e simpática!
Informações gerais
Duração do passeio
Em torno de 2h30
Horários
De quinta a domingo | passeios 12h30 ; 14h e 15h30
Sempre bom conferir diretamente no site do museu, pois eventualmente pode ter alguma alteração
Preço
Inteira R$25 ( valor 2015 )
Meia R$ 12* ( valor 2015 )
Grátis Não pagam ingressos crianças até 2 anos e guia de turismo em exercício da atividade.
*Pagam meia entrada os militares e dependentes, maiores de 60 anos, menores de 21 anos, professores, servidor público, portadores de necessidades especiais e estudantes acima de 21 anos. Todos com a devida comprovação
– Informações retiradas do site Mar Mil –
Olá flor , adorei seu blog , continue contando suas esperiencias de passeios pelo RJ, estou com uma duvida , VC poderia me ajudar ?? Eu estou querendo visitar a Ilha fiscal , no sábado , VC sabe se tem algum ônibus da central direto para praça XV, ou ainda está em obras ??
Oi Gleici,
ficamos feliz que você tenha curtido nosso blog. Infelizmente tudo ainda está em obra, recomendo pegar algum ônibus que passe pela Rio Branco, salte na altura da Rua 7 de setembro e faça essa parte do percurso a pé até a praça XV.
Só um detalhe, esse sábado, especialmente, o passeio das 15h30 para a Ilha Fiscal não ocorrerá devido a uma cerimônia militar. Bom passeio!