Sim, o título é meio sensacionalista haha, a trilha que nos leva para uma das pérolas da Chapada Diamantina na realidade tem 9km de ida de 9km de volta. 18km é apenas o total hehe. Se você tem interesse em fazer essa trilha separe um dia inteiro da sua viagem. Está na dúvida se vai querer fazer ou não? Acho que esse post pode te ajudar a decidir. Essa cachoeira foi quase um pré requisito na nossa viagem. Já que o Léo tinha ido uma vez e fazia questão de voltar.
Demos mole de deixar para cima da hora fechar com o guia e quase ficamos sem um para a trilha. Conseguimos na noite anterior fechar com o Binho. Estávamos com medo da cachoeira estar sem água. Pegamos uma época complicada pelo fato das chuvas estarem atrasadas e as quedas d’ água estarem praticamente secas, ainda assim encaramos fazer a trilha, mas só depois de perguntar mil vezes o guia garantiu que teria água ( mesmo que pouca ) caindo, afinal 18km de trilha para N-A-D-A é de morrer.
A pousada onde ficamos, Flor de lótus, está mais do que acostumada com os horários, digamos, exóticos, de saída para trilhas, e o retorno dos hóspedes exaustos. Para isso eles tem um café da manhã especial servido antes para quem precisa sair. Conceição foi extremamente atenciosa conosco, sempre querendo saber se estava faltando alguma coisa, ou se a comida estava boa. Diga-se de passagem a comida da pousada é deliciosa, um jantar perfeito para quem está cansado e não quer pensar em ir ao centro da cidade.
Chegamos para a trilha com o tempo bem fechado, rezando para não cair um pé d´água já que da outra vez quando Léo foi caiu uma tempestade. Logo na chegada a simpática pretinha resolveu nos fazer companhia na trilha. Tem como não amar?
A trilha começa atravessando o rio numa parte bem calma, pelas pedras e depois entrando pela mata entre subidas e descidas mas nada muito difícil. Enquanto isso a terra preta fina da trilha levanta e começa a grudar na meia (postarei o modelito final da meia). Saímos da mata e começamos a avançar pelo rio, passando de pedregulho em pedregulho, e eu (jeitosa sempre) atochei o meu pé em uma parte com água.
Léo, Ed e Roberta, estão mais do que acostumados com trilha, a lerda aqui não, fiquei algumas vezes para trás mas todo mundo teve paciência comigo ( obrigada!! =D ). A chuva resolveu dar as caras mais ou menos no meio do caminho, mas nada insuportável, todo mundo bem equipado, fechamos nossos casacos a prova d´água e cobrimos as mochilas com capas. A minha veio com uma embutida na parte de baixo, é bem prático (da pra ver na foto ). Depois da chuva parar, fizemos uma breve pausa para um lanche em um dos poços no caminho.
A trilha demora um pouco, claro, mas a paisagem é linda e compensa, ir pelo rio que estava bem seco fez o passeio mais bonito do que se fossemos mais pelo meio da mata.Tivemos um encontro inesperado, quando sentamos em uma pedra no caminho, do nosso lado estava uma cobra cipó, elas normalmente são marrons ou verdes e ficam em arbustos e árvores. Não são venenosas mas sempre bom manter respeito e distância. Fotografamos e descobrimos pertinho, a pele que ela tinha acabado de trocar, talvez por isso ela estivesse tão quietinha, deveria estar cansada, já que pelo que eu li o instinto delas é fugir, além de serem muito agitadas. Cruzamos com outros grupos que alertaram terem encontrado mais 2 cobras cipó trilha acima.
Vida que segue, trilha que continua. A trilha no meio do mato tem pequenas partes de subida em pedras, chamado “boulder”, é uma técnica de escalada sem equipamento, no caso com perigo quase zero já que não eram passagem muito complexas. Conforme nos aproximamos, o cânion onde a cachoeira se esconde se abre lentamente, e ficamos imaginando como toda aquela paisagem incrível se formou.
Mais um grupo cruzou por nós e nos alertaram sobre uma colméia bem na passagem para a cachoeira. Nos entreolhamos rapidamente, afinal uma colmeia é algo bem perigoso se você mexer. Instruções do guia, passar bem grudados na pedra, não fazer barulho e não importa o que acontecesse, não matar nenhuma abelha, ou a gente atiçaria todas as outras. foi um momento meio missão impossível mas nos saímos muito bem. Mais um boulder para chegar nas pedras maiores, e demos de cara com um grilo, olha, eu nunca vi um tão grande na vida, ele deveria ter uns 15cm.
A cachoeira caia fraca no escuro do cânion, escutar o barulho da água foi um alívio, afinal a trilha não tinha sido em vão. O véu de água que se formava era muito delicado, se ao vivo tava ruim para ver, imagina com a lente da câmera. O dia nublado não ajudou muito mas quando o sol resolvia sair entre as nuvens dava para ver a linda e delicada queda da Fumacinha, queda essa que tem cerca de 290m.
A vontade é postar 500 fotos da gente da Fumacina mas JURO que vou tentar me controlar. Os meninos se animaram e se jogaram na água, tava gelado demais! Me recusei, até pq eu sinto frio com qualquer coisa. Aproveitei para ficar fotografando, dá vontade de fazer milhões de fotos de inúmeros ângulo para tentar capturar a maravilha que é o lugar, mas não adianta, não tem foto que consiga representar o que é estar lá.
Descer o pedregulho sem ver direito onde ta indo o pé é mais tenso do que parece, porque na realidade ele não é tãoooo alto, mas como você não pode simplesmente pular por que tem muita pedra em baixo, seguimos as ordens do guia mesmo. Enquanto os meninos resolveram ir até a cachoeira o sol saiu fazendo um raio divino na pedra no meio do poço. Depois de muito apreciar a vista, fazer um lanche e tomar fôlego. Pegamos as mochilas e partimos para pegar a trilha de volta. Conforme descíamos o rio, aproveitamos o sol e paramos em um dos poços ( o que fizemos no lanche na ida ) e nos jogarmos na água (Aleluia!) já que eu e Roberta não nos animamos a nos molhar na Fumacinha, a água estava muito gelada e sol não estava favorecendo o nosso lado.
No final a trilha parece que não acaba, já estávamos loucos para chegar no carro. Ao voltar onde tínhamos deixado o carro confirmamos que brasileiro é bom empreendedor. O dono da casa onde paramos o carro vende caldo de cana feito na hora com gelo! Depois de tanto andar ( para quem curte caldo ) nada melhor. Já na estrada ainda paramos em uma birosca para comer coxinha de jaca e tomar suco natural. Não teve um que a gente bebesse que fosse ruim.
Já na pousada, morta com farofa, fiz esse belo registro para mandar para minha mãe, uma beleza o par de meias. Depois do banho a rede na varanda caiu como uma luva antes de irmos jantar no restaurante da Pousada Flor de Lótus. O carro já quase no último dia de viagem estava um tanto quanto, digamos…sujo.
Gostou do post? Ficou empolgado para conhecer a Chapada Diamantina? Clique aqui, veja como foi o roteiro dessa viagem e conheça outras atrações maravilhosas na Chapada.
Dica do Fora da Toca – Cachoeira da Fumacinha
Para esse passeio é bom você se programar com antecedência, reservar um dia inteiro e combinar com o guia com antecedência, todos são muito solicitados.
Leve um lanche pois o caminho é longo, o quanto levar depende da fome de cada um hehehe. O kit da pousada tinha 2 sanduíches, suco de caixinha, uma garrafa de água, maçã, banana, barra de cereal e uma garrafa de suco.
Nós ainda tínhamos (cada um) um reservatório de água na mochila, a minha por exemplo levava 3 litros.
De quebra, neurótica que sou, eu ainda passei a viagem toda com 2 rolos de atadura e esparadrapo para caso alguém (ou eu muito possivelmente) torcesse o pé.
Para chegar na entrada da trilha é preciso um carro, nós alugamos uma Duster que super funcionou para todas as aventuras.
Preciso nem lembrar de levar filtro e repelente né?
Informações Importantes – Cachoeira da Fumacinha
Guia
Nosso guia conforme falei foi o Binho, ele foi super atencioso conosco, se quiserem repetir o guia segue o contato
+77 991516431
Valor do guia
R$ 80 por pessoa ( jan 2017)
Tempo de trilha – mais de 3h
Extensão da trilha – aproximadamente 9km (ida)
Nível de trilha – exigente
A cachoeira como o nome diz é fumacinha, então é uma queda de água delicada, sempre bom conferir com o guia se vai ter água para apreciar a cachoeira, nós quase não vimos.
Super a fim de fazer um giro pela Chapada Diamantina. Valeu pelo relato. Só aumentou a vontade!!
Eu já estou com saudades da chapada! Foi uma viagem inesquecível!
Muito legal mesmo! uma das melhores aventuras que ja fiz! 🙂
Foi um máximo!! <3 Obrigada pelo convite!
Tá mandando bem no texto e nas fotos. Dá vontade de sair direto pra lá!
Obrigada!!! Que bom que você gostou. É uma experiência incrível mesmo!