Já imaginou se figuras históricas saíssem dos livros e ganhassem vida diante dos seus olhos? É assim que começa a aventura do Corsário Carioca. Fui apresentada ao projeto pelos amigos blogueiros Paula e Renata do Gastando Sola Mundo Afora, infelizmente na primeira incursão não pude participar devido ao meu trabalho. Mas na viagem comemorativa dos 452 anos do Rio de Janeiro me candidatei a embarcar nessa aventura. O Corsário Carioca é um super projeto de contadores de história criado pelo Marcelo Serra onde, de forma descontraída e com atividades lúdico-pedagógicas em um passeio de barco pela Baía de Guanabara você conhece um pouco mais sobre a história do Rio de Janeiro.
Embarcamos no Pier 6 na Marina da Glória para nosso tour comemorativo. Eis que entre os barcos aportados, surge ao som da trilha sonora de Piratas do Caribe, nossa escuna com os personagens históricos pendurados em suas escadas. Assim que o barco aporta, eles descem para se apresentar a nós. Com pequenas dicas sobre cada um dos personagens, eles deixam no ar para que adivinhemos quem é cada um, até que no final eles se apresentam e são saudados com palmas.
As palmas não são para menos, afinal quem não se sentiria honrado em conhecer “pessoalmente”: Mem de Sá, seu sobrinho Estácio de Sá, Cacique Araribóia, Cacique Aimberê, Padre José de Anchieta e Villegagnon? Todos muitos descontraídos nos guiaram para o barco. Nossa aventura partiu da Marina da Glória em direção a Urca.
Breve parênteses sobre a Íbis do Pão de Açúcar. Reza a lenda que muito antes dos portugueses aportarem por essas paragens, civilizações como Vikings, Fenícios e Egípcios passaram por aqui e deixaram sua marca. A Pedra da Gávea por exemplo tem o famoso rosto do Imperador e inscrições supostamente Fenícias na sua lateral. Já no morro que abriga o bondinho, com melhor horário para observação na parte da manhã, a silhueta da Íbis, uma ave que lembra uma garça, se revela na lateral do Pão de Açúcar com quase 120m de comprimento, dizem que foi esculpida pelos Egípicios como agradecimento, quando escaparam de uma tempestade se escondendo na Baía de Guanabara. Lenda ou não, a imagem está lá, quem fez fica por conta dos historiadores pesquisarem, mas acho um máximo imaginar que Egípcios estiveram por aqui.
Ao passar pela Fortaleza São João, Marcelo nos avisou de outra parte do Corsário Carioca, o Corsário em Terra Firme ( ainda quero ir ) que é encenado no forte e conta sobrea fundação da Cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro. Já pensou, como fica mais interessante aprender história tendo como sala de aula toda a paisagem do Rio de Janeiro?
Na Urca mais uma curiosidade revelada, essa por acaso, até minha mãe tinha pedido para eu tentar descobrir com eles. Um dos morros localizados no bairro da Urca se chama Morro Cara de Cão. Cão o qual nunca escutei ninguém dizer que conseguiu visualizar. De acordo com nosso Padre Anchieta, as explicações são duas.
1- Os marinheiros depois de muito beber conseguiam de fato ver uma imagem nos contornos do morro que lembravam um cão. ( álcool poderoso esse )
2- A teoria mais aceita é que toda aquela região pertencia inicialmente a um cacique chamado Cara de Cão, e por isso o morro acabou com seu nome.
Conforme o barco navega o Padre Anchieta conta um pouco sobre a história da fundação da cidade e a disputa entre Villegagnon (França), Mem de Sá e seu sobrinho Estácio de Sá (Portugal). Nessa hora eis que os personagens sobem no “palco” e encenam uma batalha entre eles, com direito a pose para fotos e tudo mais!
Em 1560 Mem de Sá conseguiu destruir o forte Coligny, na atual ilha de Villegagnon, e em 1º de março 1565, Estácio de Sá fundou a nossa querida cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro. Mas a expulsão definitiva dos franceses levou ainda muitas batalhas, culminando com as batalhas de Uruçu-Mirim ( hoje outeiro da Glória ) e de Paranapuã ( hoje Ilha do Governador).
Com a humilhante derrota de Villegagnon ( que até perdeu a peruca durante o combate), a batalha passa a acontecer entre os dois grandes caciques da época que protagonizaram a batalha de Uruçu-Mirim, Aimberê e Araribóia. Araribóia foi eternizado em uma estátua que fica na estação das barcas em Charitas. O cacique, após a batalha de Uruçu- Mirim, ganhou ( como recompensa) a sesmaria da região da Baía de Guanabara, onde fundou a vila São Lourenço, hoje Niterói.
A batalha dos caciques no barco é cheia de magias poderosas e as crianças se divertem com a interpretação. Quase chegando em Niterói a emocionante luta se define com vitória de Araribóia!
O término das interpretações abre espaço para o delicioso lanche servido a bordo do Corsário Carioca, todos os atores ainda caracterizados servem toda a tripulação, e posam pacientemente para fotos.
Depois do lanche começa no “palco” as oficinas lúdico-pedagógicas sobre cartografia, navegação e as famosas especiarias, razão do descobrimento do Brasil. As crianças ficam encantadas com os diferentes cheiros e sabores que saem do baú de especiarias.
aulas de cartografia e a apresentação das tão faladas especiarias
A escuna manobrou do lado do Museu do Amanhã, e partimos de volta a Marina da Glória. As vistas do Rio de Janeiro que o passeio proporciona são bem fora do comum do que moradores da cidade e turistas registram habitualmente. Só por isso o Corsário já vale a pena, somado a história ali aprendida simplesmente é incrível!
Descolei com o Marcelo uma mini entrevista via e-mail para enriquecer o post segue ela na íntegra:
Da onde surgiu a ideia para o projeto Corsário Carioca?
Surgiu em meados de 2014, pensando na celebração dos 450 Anos de Fundação do Rio, em março de 2015. A ideia era criar um programa que juntasse história, teatro, ludicidade e e sensibilização ambiental e contasse a história do rio aonde ela começou: Nas águas da Baía de Guanabara e na Fortaleza de São João, local da fundação..
Teve muito apoio logo de cara ou foi trabalhoso colocar o projeto para acontecer?
Nenhum apoio e venho buscando isso, até hoje O que consegui foi formar uma tripulação de profissionais (atores, professores, historiadores, biólogos, oceanógrafos) que amaram o projeto e fizeram questão de participar dele.
Qual o público principal do projeto?
Escolas, empresas, famílias, grupos de amigos, “meninos e meninas” da terceira idade, pessoas com necessidades especiais, guias de turismo, hotelaria e turistas nacionais e estrangeiros.
Quantas pessoas formam a equipe?
Dezessete (17) – atores, historiadores, monitores das oficinas, guarda vidas e equipe de apoio)
Você falou que tem o Corsário em terra como funciona?
Sim, é o programa O Corsário em Terra Firme, que acontece na Fortaleza de São João – Urca. É uma Caça ao Tesouro que os participantes fazem no local de fundação do Rio.
Tem novos projetos no estilo do Corsário em mente?
Sim, O Corsário Corporativo, que é trazer empresas para atividades tanto no barco, como na Fortaleza de São João, relacionando os ensinamentos das Grandes Navegações e Descobrimentos ao universo corporativo, fazendo analogia de empreendedorismo, globalização, liderança, espírito de equipe, etc…daquela época, aos dias atuais e à missão da empresa.
Também realizar aniversários infantis a bordo com o tema de Piratas e O Corsário Inclusão. Tivemos essas experiências em março, ao celebrar o aniversário de 11 anos de uma criança com Síndrome de Down. Foi simplesmente maravilhoso.
No final do passeio, como era aniversário do Marcelo e do seu filho o “Estácio de Sá”, tivemos um bolo com parabéns, que foi dividido com todos os presentes no Corsário Carioca. Parabéns por todo o projeto Marcelo, que venham muitas outras aventuras para o Corsário Carioca.
Além do delicioso bolo devido ao aniversário, recebemos um tesouro de chocolate com moedas douradas. Obrigada pela companhia ( e dica ) maravilhosa Paulo e Renata! Espero que nos encontremos ainda em muitas aventuras!
Dica do Fora da Toca – Corsário Carioca
Leve câmera para registrar, as vistas incríveis do Rio e de Niterói. Não deixe de levar filtro, o sol bomba. Se você enjoa com o balançar do barco fique na popa ( parte de trás ).
Informações importantes – Corsário Carioca
Se quiser saber das novidades e ficar por dentro do Corsário Carioca, siga a página deles no Facebook!
Sou carioca ,Guia de turismo,jornalista e historiador, mas comprovei a verdadeira origem do nome “Cara de Cão” ao morro na entrada do boqueiraB da baia da Guanabara, quando me mudei de copaCopaca para o Catete, no final da rua onde moro,a Pedro Américo, la no alto da ladeira apos a entrada da comunidade do Santo Amaro, tem-se um espaço entre as casas, a esquerda de quem sobe, formando um mirante, é possível ver de longe com nitidez o Pão de Açúcar,o Cara de Cao, o Boqueirão, o calabouço, Forte Barra de Santa Cruz,Niteroi, etc. e vê-se claramente um cachorro deitado, com sua cabeça apoiada em suas patas dianteiras apoiadas no chão, levemente inclinado da direita para esquerda, onde sua traseira fica de frente ao Pao de Açúcar, e sua cabeça deitada sobre as patas ao chão ,de frente para o Boqueirão, um cachorro deitado claramente, e não e preciso consumir bebidas alcoólicas e nem imaginação para vê-lo, basta vir e ver.
Nivaldo Gregório
Oi Nivaldo!
Que legal saber dessa informação!! Já estou me organizando para visitar esse mirante! Obrigada pela Dica =)
Continue nos seguindo