Não sei ao certo quando fiquei com vontade de conhecer o castelo. Talvez pelo simples fato de ser um castelo e eu nunca ter entrado em um até então. Talvez tenha sido por ter assistido Os Borgias e lá ouvi falar dos poderosos Sforza. O que importa é que eu não resisti a visitar um dos principais castelos de Milão, com seus enormes jardins.
História do Castelo
Os Sforza foram uma das famílias mais poderosas da Itália e eram conhecidos por sua força e brutalidade ao lidar com seus inimigos. Governaram Milão de 1395 a 1540, até que a cidade caiu nas mãos dos espanhóis. Mas o início de verdade da história desse castelo começa muito antes dos Sforza.
Entre 1360 e 1370, com a morte de Mateus II, os irmãos Galeazzo Visconti II e Barnabé dividiram Milão. Depois de ter se tornado o Senhor do Oeste Milão, Galeazzo construiu um forte junto a muralha medieval da cidade. Essa fortificação ficou conhecida como Porta Giovia. Depois, a mesma passou por diversas mudanças pelos seus sucessores, como o acréscimo de um quartel em 1392 e a divisão dos edifícios que só foram unidos novamente sob o reinado de Filippo Maria, o último dos Viscontis. Fellipo ainda fez algumas obras de embelezamento da fortificação com Filippo Brunelleschi. Os campos que não eram utilizados se tornaram um grande jardim conhecido como “zardinum” ou “barcho”. A partir daí, o castelo, o maior construído pelos Viscontis, foi adotado como residência oficial da família.
Em 1447, depois da morte de Filippo Maria, o povo de Milão revoltado com o regime proclamou a República Ambrosiana e destruindo boa parte da residência da Porta Giovia, por ser o emblema do poder dos Dodges. Da fortaleza Porta Giovia resta apenas as pedras cinzas na base do fosso desativado, nas paredes externas da Rocchetta e na corte dos Dodges.
Francesco Sforza, um homem altamente capacitado, antigo defensor de Milão contratado por Filippo Visconti decidiu fazer cerco a Milão e foi recebido como salvador pela população. Em 25 de março de 1450 Sforza e sua esposa Bianca Maria Visconti são aclamados pelo povo como os Senhores de Milão. Francesco Sforza queria reconstruir o castelo e sabendo da implicância da população pela antiga construção decidiu reformá-lo sob o pretexto de embelezar a cidade além de defender de inimigos.
Sendo assim em 1452, Francesco chamou Antonio Averulino, um engenheiro civil, para junto com os engenheiros militares Giovanni da Milano, Jacopo da Cortona e Marcoleone de Nogolarolo trabalhar na reforma. Averulino foi logo demitido e o projeto acabou sendo liderado por Bartolomeo Gadio, arquiteto militar em que os Sforzas confiavam. Os desenhos originais para a fachada foram alterados por Gadio que incluiu duas enormes torres nos cantos, redondas e revestidas com pedras em forma de diamante de Serizzo que era super resistente a artilharia da época. O outro lado do castelo também foi fortificado, além da “Ghirlanda”, uma parede pré-existente da época dos Visconti ter sido estendida. Junto, com as duas torres de canto e uma estrada coberta, formava a defesa do norte.
Foi muito mágico chegar nos muros do castelo. Acima de tudo por ser meu primeiro castelo na vida!! A murada faz você se sentir micro, a primeira coisa que me vem na cabeça nessas horas é como conseguiram construir algo tão grande que continua de pé até hoje com a tecnologia da época. Eu acho fascinante.
Na entrada do castelo não deixe de dar uma paradinha para, além de admirar a fachada e o conjunto com a fonte, comprar um lanche no quiosque. Não lembro onde li mas foi eleito dos melhores sanduíches de Milão! Fiquei sabendo só depois, e nem tive do que discordar, era MARAVILHOSO! E os preços super justos, além do atendimento rápido e simpatia dos donos.
Aproveitamos para sentar em um dos bancos no jardim do castelo para comer nossos deliciosos sanduíches. Uma honra poder lanchar e admirar as paredes. Hoje sabendo da história do castelo fica fácil visualizar as paredes antigas da base da construção.
O castelo possui uma coleção enorme de instrumentos musicais, tapeçaria, obras de arte, obras sacras (que no final da viagem eu sinceramente não aguentava mais ver) entre outras tantas coisas espalhadas nas suas inúmeras salas. Para quem não tem interesse em museu dá para aproveitar tranquilamente os jardins internos e externos, para pessoas como eu e mamãe que não resistimos a um museu é um paraíso.
Dá para perder facilmente a conta de quantas salas você passa conhecendo o acervo do castelo, que chegou a ter salas decoradas por DaVinci.
Acho que essa sala foi minha favorita a Sala delle Asse (sala das tábuas de madeira). Descobri o motivo do nome escrevendo esse post: quando a sala foi construída ela foi revestida com madeira para ajudar a manter uma temperatura agradável, por isso sala das tábuas de madeira. A decoração de DaVinci nas paredes acabou sendo escondida em baixo de camadas de tinta mais modernas e somente em 1893 graças a correspondências trocadas entre DaVinci e os Sforza foram encontrados vestígios de tinta no teto. Quando entrei ela estava toda escura. Eles fizeram um mapping do teto onde através de projeções destacam certas partes para exibir o processo de restauração e mostram como deveria ser o teto em sua forma original. Junto com um vídeo eles explicam todo o trabalho pelo qual a sala está passando, além de ser possível ver algumas pessoas trabalhando na parte isolada de andaimes. A arte desenvolvida por DaVinci foi inspirada nos jardins, é como se as paredes fossem tomadas por eras, árvores, pedras e flores. A parte mágica é quando acendem as luzes e você pode enfim ver tudo o que já foi recuperado, é arrepiante! O vídeo é um pouquinho longo para quem tem pressa mas garanto que vale a pena esperar para ver tudo. Clique aqui para você ver com mais detalhes o trabalho de restauração da sala
Para minha gigantesca alegria o castelo tinha uma sessão de armaduras e armas (sim sou menina, sim sou fascinada por esse tema desde pequena…) Apesar de não ser meu tipo preferido de arte as tapeçarias chamam atenção pelos detalhes e seus tamanhos gigantescos. Muitos castelos usavam as tapeçarias como decoração das paredes para ajudar a aguentar o frio no inverno.
Onde tiver um astrolábio, um compasso, uma bússola ou um globo terrestre eu irei fotografar! Não resisto são lindos e absurdamente engenhosos, impossível não se encantar. O mundo antigo é encantador. Andamos muito, passamos pelos mais diversos tipos de acervo, tem uma sessão só de instrumentos musicais. Até conseguimos ver meu pai lá de cima do castelo.
Mas nos sentimos meio perdidas em um certo ponto, não achávamos mais a saída, achamos que íamos acabar virando parte do acervo. Depois de rodar (acredito eu que todas as salas) voltamos para o jardim para encontrar nossos anexos com nossas mochilas e sacolas.
Ainda teve um bônus no jardim interno. Além da fonte de água para encher as garrafas, tem uma sala exclusiva, só com uma estátua dentro, que é a madonna do gênio Michelangelo Buonarroti (1475-1564), sua última obra inacabada devido a sua morte. Mesmo sem estar finalizada é uma obra surpreendente, e transmite toda a emoção.
Dica do Fora da Toca
Poucos metros antes do castelo não perca a oportunidade de conhecer uma das maiores lojas da DECATHLON da Itália! É um mundo onde você pode passar horas passeando pelos corredores, dá vontade de comprar absolutamente tudo. Mas saímos apenas com mini mochilas (que cabem um mundo dentro) e toalhas que enrolam e secam rápido.
Não deixe de comer um sanduíche na entrada do castelo e sentar no jardim para apreciar a vista!!
Apesar de na entrada ter um aviso dizendo que não pode fotografar, na realidade pode (não entendi…enfim…).
Fiz a burrada de deixar a câmera com meu pai mas dei a sorte da minhã mãe ter uma para me emprestar.
Informações Importantes – Castello Sforzesco
Horário
Castelo
Todos os dias 7h às 19h30
Museu
Terça a domingo 7h às 19h30
Fechado segunda feira
Ingresso
Inteira € 5,00
Reduzida € 3,00
Endereço
– informações históricas retiradas do site oficial do castelo –
Me transportei para Milão com tão boa e simpática narrativa. Voltaremos um dia, com certeza!
Que bom! Fico feliz! Com certeza voltaremos lá para conhecer com mais calma.
Foi ótimo relembrar do passeio através da sua narrativa.
Adorei os jardins, o castelo, o acervo e o lanche. Andamos muuuito mas valeu a pena. kkkk
Quase nos tornamos parte do acervo permanente mas foi bem legal né? !