Como é a visita guiada no Parque Lage

Já conheceu alguém que ama de verdade o que faz? É uma alegria que transborda e contagia a todos quando fala sobre. E foi exatamente assim quando conheci a Kátia, 5 minutos de conversa e ela me contagiou com toda essa paixão que ela leva o projeto de visitas guiadas do Parque Lage. Antes o programa era voltado para escolas, principalmente públicas que muitas vezes vinham de fora da cidade para conhecer o histórico Parque Lage. Somente em meados de 2018 que o Parque Lage abriu para o grande público a sua visita guiada, possibilitando assim que conheçamos um pouco melhor sua história.

parte do casarão em contraste com o lindo céu azul

A visita guiada acontece pelo jardim do Parque, em uma caminhada bem suave e depois passa pelo casarão, se for fim de semana se prepare para encontrar a piscina do casarão concorrida para fotos. O ponto de encontro para começar o passeio é em frente a famosa escadaria do casarão. Os passeios nunca são absolutamente iguais, tudo depende dos grupos e propostas que são colocadas.

fila para fazer a típica foto na piscina do Parque Lage

Além de visitas mais direcionadas para um lado histórico, ou patrimonial, ou filosófico. Passeios especiais podem ser solicitados como no caso que a Katia nos contou de um casal em que o namorado, organizou tudo para pedir a namorada em casamento, o passeio foi exclusivo para os dois coroado com o pedido no terraço do Parque Lage e um brinde com champanhe, que luxo não é mesmo? Tudo é a combinar.

um dos diversos caminhos do Parque Lage

Toda a região do Parque Lage tem história desde por volta de 1575, quando os índios Tupis ainda habitavam essa área em volta da Lagoa Rodrigo de Freitas. Durante o século XVI  o terreno do Parque Lage era um engenho de cana de açúcar, o Engenho Del Rey . Meio difícil acreditar vendo a cidade como está hoje em dia. Depois do terreno ter sido explorado com a plantação por anos, e por consequência exaurido o terreno do engenho, ao ser comprado por um nobre inglês em 1840 um paisagista inglês, John Tyndale, é contratado para criar um jardim. Jardim esse que é o mesmo que visitamos até hoje. Um jardim criado em estilo romântico. A ideia do jardim inglês é que ele fosse criado como uma obra de arte, para ser apreciado, assim como uma obra de arte, o objetivo era se aproximar ao MÁXIMO a natureza. Apesar disso o posicionamento de cada árvore, caminhos e bancos eram cuidadosamente planejados, para que as pessoas pudessem aproveitar ao máximo.

um dos ângulos do áquario

O simpático aquário do Parque Lage, também faz parte da construção do jardim romântico, toda sua parte externa tenta se camuflar seguindo a lógica da integração dos elementos no jardim romântico. Imitações de troncos de árvores e pedras adornam as paredes do aquário. Seus corredores escuros e estreitos passam uma sensação de mistério que é revelado ao encontrar as janelas dos tanques dos aquários que chamam a atenção devido a luminosidade. Fotografar é permitido, desde que sem flash para não incomodar os peixes.

entrada para o aquário
alguns dos aquários
corredores do aquário

O recanto dos namorados é uma área criada em conjunto com o jardim também, com algumas mesas e bancos de pedra o local é muito utilizado para piqueniques, festas de aniversário, e encontros. O Parque Lage tem algumas regras em relação as “festinhas”.

pedacinho do recanto dos namorados

Os lugares disponibilizados para os piqueniques devem ser respeitados, não pode ir fazendo onde dá na telha, as áreas permitidas são as áreas verdes como o parquinho, platô, lago dos patos, lateral da gruta, recanto dos namorados e coreto. Eles pedem para que os grupos das comemorações não passem de 30 pessoas. Balões são proibidos já que no Parque tem muitos animais silvestres e é super perigoso que algum deles engula um pedaço plástico. Faixas e bandeirinhas também. Para mais informações confira o site do Parque Lage.

detalhes do jardim do Parque Lage
por cenas como essa devemos tomar cuidado com nosso lixo

Uma das propostas do Parque Lage com essas áreas de convivência, assim como a visita guiada e tantas outras atividades que são oferecidas é estimular o bom uso do patrimônio público, e com essa atitude criar um vínculo de afeto da população com ele, para que as pessoas cuidem e preservem o patrimônio.

torre do jardim do Parque Lage

A caminhada é tranquila, e graças ao Parque e a maior floresta urbana do mundo as sombras das copas das árvores aliviam o intenso calor de um dia de sol no Rio de Janeiro. Seguimos para a torre quase de um castelo que se destaca em meio ao verde da mata. É possível subir na torre e viajar um pouco no imaginário dos contos de fada.

passagem lateral para a torre

Reza a lenda que ela foi construída para a esposa do Henrique Lage se apresentar, mas na verdade é mais um dos diversos elementos que compõem o jardim romântico, assim como a famosa gruta, onde ninguém resiste em parar para fazer uma foto. Apesar de super bem construída e até enganar alguns desavisados com suas belas estalactites e estalagmites, tudo é feito de cimento, nada é natural.

entrada da gruta do Parque Lage
vista do jardim através da gruta
e você resiste a tirar uma foto nessa ponte?

Antes de chegarmos ao casarão e descobrir sua história passamos por uma antiga construção escondida atrás de uma grossa parede de pedra. Lugar esse totalmente original, da época do engenho. A antiga lavanderia dos escravos, hoje atualizada para lavanderia dos escravizados, afinal faz mais sentido, já que foram pessoas que foram escravizadas, era uma condição não um estado. A lavanderia é toda feita de pedra, e no canto esquerdo tem um quartinho que era usado como apoio para as roupas lavadas ou a lavar.

paredes reais
a lavanderia totalmente original dos escravizados

E a história do casarão do Parque Lage?

Em 1920, Henrique Lage, neto de Antonio Martins Lage, dono anterior do terreno, compra a área do Parque. Ao se apaixonar pela bela cantora lírica italiana, Gabriela Besanzoni, faz a seguinte proposta. Se ela casasse com ele, ele construiria para ela um castelo nos moldes dos castelos italianos. Durante 10 anos as obras do casarão aconteceram com muitas idas e vindas de navios já que quase todas as pedras que compõem o casarão, literalmente, foram trazidas da Itália, dos granitos aos mármores. Já que Henrique era armador, trabalhava em construção naval e viajava muito.

vista do casarão do Parque Lage do dia de estreia do Queer Museum 2018

Como Gabriela era uma cantora lírica, tudo na construção foi pensado para valorizar seu timbre de voz. Inclusive uma das salas criadas era para suas apresentações, além da sala uma abóboda de frente para a piscina no terraço foi feita para outras apresentações. Enquanto o jardim romântico preza pela naturalidade no seu desenho, o jardim feito na frente do casarão segue o estilo francês, simétrico e bem geométrico.

vista parcial do jardim francês do casarão do Parque Lage

Por 10 anos eles viveram no palacete, infelizmente Henrique Lage morre, e como o casal não tinha filhos Gabriela retorna para a Itália. A essa altura Henrique já tinha acumulado algumas dívidas principalmente de impostos com o estado, sendo assim o estado e o Banco do Brasil ficam com a área do Parque Lage como forma de pagamento de parte das dívidas. Por pouco o lugar não vai a leilão mas depois de algumas realizadas por um grupo, o leilão consegue ser revertido e a propriedade virar um parque público.

uma das salas do PArque Lage, famosa pelo clip do Snoop Dogg, essa era a sala criada para as apresentações da cantora

1975 a EAV é criada, fundada pelo grande artista brasileiro Rubens Gerchman. Um mestre das gravuras. Gerchman reúne amigos artistas, pintores, sociólogos, poetas, filósofos e juntos criam montam aulas sem o formato acadêmico, uma coisa mais experimental, e conforme o projeto foi crescendo, a escola de artes visuais do Parque Lage nasce. Até hoje o espírito da escola continua similar, valorizando a experimentação.

vista de uma das laterais do casarão do Parque Lage

A EAV tem diversos cursos por volta de 70 cursos por semestre em uma média de 380 reais por mês com 3h de curso. Alguns anos atrás eles disponibilizavam cursos gratuitos mas devido a situação atual do estado eles foram suspensos. Eu mesma fiz 2 cursos, lá por 2009, um de cenografia e um de iluminação. Apesar de ainda não terem os cursos gratuitos de volta, eventos gratuitos não faltam no Parque Lage. Basta ficar ligado nas mídias sociais do Parque, que sempre tem muitas atividades interessantes gratuitas. Sempre voltado para o lado cultural e artístico, sejam cursos ou shows.

galera que participou da visita guiada no Parque Lage, Obrigada Katia!

 

O Parque Lage tem uma Oca?!

Ainda nos jardins do parque você encontra uma enorme oca por volta de 2015 devido a um projeto realizado com uma tribo bem distante do Acre os Huni Kuin. Um pajé de lá começa a achar que vai morrer e decide que precisa compartilhar seus conhecimentos medicinais de plantas e ervas. Um grupo do Jardim Botânico consegue criar um projeto especial e ir ao Acre. Juntos com o pajé eles fotografam e catalogando todas essas plantas e ervas. Partindo dessas incríveis informações um livro é criado. O livro da cura. Ele é e impresso em duas formas, uma normal para nós e uma mais resistente para uso dos índios em sua aldeia. A oca foi criada para o lançamento do livro, no dia, grandes ampliações fotográficas das ervas foram penduradas no seu interior. Depois do evento IPHAN quis tirar a oca por não ser uma construção do Parque Lage. Mas o pessoal da escola pediu para que ficasse um pouco pois mal ou bem, com alguns acessórios a mais como pregos e luz elétrica. A estrutura representa de forma bem fiel uma oca da região do Acre, e acaba sendo uma oportunidade para as pessoas conhecerem essa cultura.

 

Vale a pena a visita guiada do Parque Lage?

Como já disse em outros posts sobre visita guiada, ter um guia em um passeio, ainda mais uma como a Kátia que claramente ama muito o que faz e gosta de compartilhar conhecimento, faz toda a diferença. Você sem dúvida começa a olhar com outros olhos para o lugar visitado, se sente mais próximo, íntimo, a relação afetuosa certamente muda. Então concluindo, vale muito a pena SIM fazer a visita guiada do Parque Lage.

Dica do Fora da Toca – Visita guiada Parque Lage

Vá com um calçado confortável, saltos não são recomendados
Apesar da sombra das árvores o sol não perdoa, um filtro cai bem.
Além da beleza do jardim e da estrutura do casarão, o Parque Lage é entrada para uma trilha para o Cristo Redentor.

sigam as pegadas da transcarioca para encontrar fantásticas trilhas

Que tal conferir os posts dos outros blogs sobre a visita guiada?

Travel Tips Brasil 
Viagens Bacanas
Viajar Correndo
Olivia Garimpando Por Ai
Destinos em Foco
Blog só Viagem
Kari desbrava
1 viagem 2 visões

————————————————————————————————————————-

Este blog é associado à RBBV (Rede Brasileira de Blogueiros de Viagens).

O grupo RBBV RJ, formado por blogs cariocas, está promovendo com os seus membros, ações que valorizem e exaltem o Rio de Janeiro, mostrando sua beleza, seus atrativos e sua diversidade através do olhar de quem mora na cidade. Um Rio mais verdadeiro para os turistas, e um Rio mais desmistificado para o Carioca explorar. Confira mais sobre nosso trabalho nas redes sociais através da #RIOunico .

 

Informações importantes – Visita guiada Parque Lage

Ingresso   R$ 30,00 por pessoa ( valor 2018 )
Horários   terças a sextas – 14h | Sábados – 12h30
Duração   aproximadamente 1 hora
Contato   visitas.eavparquelage@gmail.com | (21) 2334 4088

– para mais informações verifique a página da visita guiada no site do Parque Lage – 

 

3 thoughts to “Como é a visita guiada no Parque Lage”

  1. Gostaria de marcar uma visita para os meus alunos . Vocês tem entrada gratuita? São 42alunos e 3 professores.

Deixe seu comentário ou dúvida

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Fica a saber como são processados os dados dos comentários.