Como é o Moulin Rouge em Montmartre, Paris

Moulin Rouge é o cabaret mais famoso e tradicional de Paris, certamente é o primeiro nome que vem a mente de qualquer um quando perguntado sobre os famosos shows da cidade luz.  Localizado em Montmartre praticamente grudado na estação de metro Blanche, foi inaugurado em 6 de outubro de 1889. Com uma gigantesca pista de dança e paredes espelhadas o famoso cabaret com o emblemático moinho vermelho em sua fachada passou por várias fases até os dias atuais. De cabaret a cinema, teatro e atualmente um dos locais mais icônicos para turistas que passam por Paris.

Como comprar o ingresso para o Moulin Rouge?

Como comentei no post do passeio do Cruzeiro pelo Rio Sena, optei por adquirir um combo, o passeio de barco + o show do Moulin Rouge através da Paris City Vision. No site é possível encontrar todas as opções que a Paris City Vision tem para oferecer com o espetáculo do Moulin Rouge, são diversos pacotes, ou ingressos individuais.

Tem opção de jantar com o show, outros passeios como foi meu caso mais o show, show mais transporte para você retornar com tranquilidade ao seu hotel ou apartamento. Acho essa opção bem legal para quem vai ao show das 23h pois termina meio tarde e o metrô funciona aproximadamente até 1h20 da manhã diariamente, tem os ônibus noturnos, mas conforto é conforto. O meu ingresso para o Moulin Rouge incluía uma garrafa de champagne,( tem opção também com meia garrafa). O site oferece muitas opções mesmo, certamente alguma vai te agradar. Se não for de Moulin Rouge a Paris City Vision tem opções de outros cabarets também.

Tem que comprar o ingresso antes?

Por ser um dos lugares mais famosos de Paris a concorrência pelo show é enorme, eu tentei trocar a hora do meu para o show das 21h e não consegui porque estava lotado. Ou seja, para garantir seu lugar e não se estressar, compre com antecedência. Lembrando que é preciso um cartão internacional para isso, ou se você não tem ou preferir dá para comprar direto na loja da Paris City Vision. Eu tive a alegria de ser atendida por uma filha de brasileira de Recife que me explicou direitinho todo esse processo em portugês, fantástico né? A gente se sente mais seguro quando somos atendidos na nossa língua. Caso tenha comprado online é preciso apresentar na bilheteria do Moulin Rouge o voucher para adquirir o seu ingresso.

 

Um pouco da história do Moulin Rouge, o Moinho Vermelho

Após sua abertura, os bailes rapidamente ganharam fama, alegria para uns, grande incômodo para outros, as icônicas meninas do Cancan com sua energia e flexibilidade marcavam o número final do espetáculo.

O Moulin Rouge era assiduamente frequentado por artistas famosos da época como Touluse Lautrec que eternizou as dançarinas de Cancan e os grandes bailes do cabaret em seu auge em diversas de suas obras (17 diretamente ligadas ao cabaret). Além do glamour das dançarinas e show do Moulin Rouge, Touluse Lautrec também ficou conhecido por retratar a vida em Montmartre no final do século XIX. Assim como Renoir. No final foi uma grande troca, tanto o cabaret ficou famoso pelas pinturas do artista quanto o artista conhecido pelas pinturas do Moulin Rouge.

Exalando glamour, extravagância, irreverência e alguns nudes, durante seus 10 primeiros anos o Moulin Rouge era sucesso atrás de sucesso. Na virada do século seu brilho começou a apagar, em dezembro de 1902 o último baile aconteceu sem grandes frissons, o Cancan já não era tão inovador. Até o início da primeira guerra (1914) o Moulin Rouge, se tornou um lugar dedicado a operetas.

Em 27 de fevereiro de 1915 o Moulin Rouge pega fogo, destruindo totalmente o salão de baile e o auditório, somente 10 longos anos depois ele é reconstruído. Já em 1925 durante a segunda guerra o teatro virou um clube dançante mas seu glamour e relevância já não é mais o mesmo.

6 anos após a segunda guerra, em 1951, o Moulin Rouge reabre suas portas depois de várias reformas realizadas por Geroges France, que havia comprado o baile do Moulin Rouge, com a intenção de devolver ao espaço seu espírito e esplendor original de cabaret e sua relevância como a melhor noite de Paris. Já em 1955 o grande moinho vermelho vira palco de grandes estrelas em ascensão como Charles Trenet, Charles Aznavour, Line Renaud, Bourvil, Roger Pierre & Jean-Marc Thibault e Fernand Raynaud. E desde então o grande moinho vermelho recobrou sua fama e glamour até os dias de hoje.

Como é a experiência de ir ao Moulin Rouge?

Impossível não se contagiar com o frisson na rua do cabert, o fluxo de turistas, espectadores e curiosos na frente é intenso. Todos querem um registro da famosa fachada, que diga-se de passagem não tem um ângulo muito fácil de pegar. Os tipos são os mais diversos, pessoas ricamente emperiquitadas, normais, e eu com a roupa que tinha rodado o dia inteiro por Paris e minha inseparável mochila azul nas costas. Não dava tempo, e seria tentador demais voltar ao apartamento e não sair mais depois de tanto andar. Então preferi ficar pelas redondezas mesmo.

A fachada ricamente iluminada de vermelho com as espátulas do grande moinho girando ganha imponência conforme o sol desce e suas luzes acendem, encontrar o Moulin Rouge não é das coisas mais difíceis na  Boulevard de Clichy em Montmartre. Toda a redondeza exala sexpeal, com diversas lojas de lingeries, sex shops e casas de show. Aqui, até a Torre Eiffel, ganha formas, digamos, inusitadas ( ainda pensando se posto a foto sobre isso ou não hahaha).

Bares e restaurantes também não faltam, para você, assim como eu marcar um 10 e esperar a hora do show, todos muito iluminados. Próximo ao Moulin Rouge fica o famoso Le Chat Noir, restaurante/bar que tem um antigo poster estampado de praticamente todas as formas pelas lojas de lembrancinhas da cidade, só eu comprei como marcador de livro, descanso de copo e ecobag.

* muitos dos itens comprados citados foram adquiridos para presentear amigos e familiares eu não sou a louca das lembrancinhas, obrigada, de nada *

Depois de entrar no Moulin Rouge, você segue a fila de pessoas a sua frente até uma grande ante sala. Lembra um salão de baile desativado. Quando as portas são abertas você segue para outros corredores com alguns dos cartazes que marcaram época, até ficar de frente para as portas de vidro com o escrito BAL DU MOULIN ROUGE, repleto de brilhos, cristais, paetês, e corações.

Do lado esquerdo da entrada, se você chegar com tempo tem um barzinho e a loja de souvenirs, repleta de moinhos vermelhos em todas as aplicações possíveis, além de muito brilho, a lojinha também é disponível on line no site do próprio Moulin Rouge.

Assim como tantos shows, e espetáculos como os da Broadway o Moulin Rouge não permite fotos durante o show, mas antes é possível registrar um pouco do salão. As mesas são coletivas, ou seja você não sabe com quem vai sentar, além dos seus amigos que forem com você caso não feche uma mesa toda. Para alguém que estava sozinha e além de tímida é levemente anti-social, isso é para panicar. Mas para minha alegria, acabei ficando numa mesinha SÓ para mim. Quando o garçom voltou com a garrafa de champagne, eu confirmei se ela estava realmente incluída no preço ( coisas de Carioca neurótica ), muito simpático, como todos que me atenderam nessa viagem a Paris, ele brincou comigo que tudo estava incluído, o show, o garçom, e o champagne, respondi brincando “quanta coisa”, e ele me disse “afinal, isso é o Moulin Rouge!”. Me senti muito importante e chique na minha mesinha solitária com a garrafa exclusiva.

O salão com capacidade para 900 pessoas tem um ar meio circense glamuroso, iluminado com muitas lâmpadas bem amarelas, tecidos e paredes listrada e mosaicos de espelho. Tudo sem tirar o ar aconchegante do ambiente, já que as mesas tem uma luz baixa em cada uma. O show não demorou muito para começar depois que sentei. Na realidade estava bem atrasado, os próprios seguranças do lugar estavam estranhando estar tão atrasado, algo que não era comum. As filas pelas quais passei demoraram uma vida. Mas eu estava sentada depois de um longo dia de bater pernas, com uma gelada garrafa de champagne toda para mim, então foi só aproveitar.

Ah, o banheiro fica do lado de fora do salão, não vá quase entrando na cozinha sem querer como eu fiz hahahaha.

O espetáculo Féérie é dividido em 5 cenas.
O Moulin Rouge, hoje e ontem
Os Pirata
No Circo
O Moulin Rouge, de 1900 a…
Atrações internacionais

Entre as cenas principais as “atrações internacionais” intercalam a apresentação. Certamente para dar tempo do pessoal trocar de roupa, e te dizer, é muita gente no palco o tempo todo, ( tirando as atrações internacionais que são sempre em dupla ) as vezes eu achava que não ia caber, pessoas ( 80 ), plumas, saias, coreografia, mas surpreendentemente cabia.

O começo do show é bem tranquilo, roupas relativamente simples, todos vestidos, conforme o tempo passa e o espetáculo desenvolve, as roupas vão diminuindo e o público vai indo a loucura quando as primeiras meninas cobertas só com alguns fios de contas aparecem dançando e fazendo barulho com as miçangas batendo, não são todas que ficam praticamente nuas, parece ter uma quantidade X. Todas bem magras, elegantes, e super alongadas, as pernas sobem até a cabeça o show inteiro como se fosse a coisa mais natural do mundo. As meninas Doriss Girls devem ter mais de 1,75m para fazer parte do Moulin Rouge, enquanto os homens Doriss Boys  mais de 1,85m. Estou fora da seleção devido aos meus ridículos 1,68m

Até performance no ar eles fazem na cena The Pirates onde os dois dançarinos principais cantam e flutuam sobre a plateia. Algumas roupas se transformam e desabrocham como flores para formar as saias, a produção não economiza em brilhos e plumas. Na cena Au Cirque, os tradicionais e simpáticos pôneis do Moulin Rouge aparecem no palco para encantar com sua fofura e movimentos ensaiados, todos aparentemente muito bem obedientes, eles andam ao lado das meninas, dão umas voltas e saem de cena, participação the flash. Eu tropecei com o mini furgão que leva eles para o Moulin Rouge por Paris algumas vezes.

Eu sei que é o Moulin Rouge, e que o Cancan é o grande momento esperado, mas enquanto essa hora não chegava eu adorei as performances “entre atos” digamos assim. No primeiro um casal faz diversos movimentos e acrobacias em patins sobre um palquinho redondo, sério, é bem pequeno para os movimentos ousados que eles fazem, dá para arrancar alguns calafrios da plateia.

No segundo momento o casal faz acrobacias com um grande arco, movimentos super bonitos e fluidos. Na minha opinião o Moulin Rouge, sim eu sei que eles são tradicionais, podia dar mais espaço para esse tipo de performance é muito impressionante, ainda mais tão de pertinho. Ainda tem outras performances durante o show, mas sem dúvida essas duas foram as que mais me impressionaram.

Ainda antes da grande entrada das meninas do Cancan, do NADA brota uma enorme aquário de vidro com cobras onde uma bailarina dança com elas dentro da água, o público grudado no palco quase enlouquece, ainda mais quando uma das simpáticas cobras resolve sair do aquário. O contra regra entrou e resolveu em segundos, quando eu reparei que ela estava saindo o contra regra já tinha colocado a cobra de volta na aquário.

Enfim o grande final chega, e as meninas dançando Cancan entram com seus repolhudos vestidos azuis, brancos e vermelhos, sacudindo de um lado para o outro as saias em camadas. A dança é muito intensa, as pernas sobem  numa facilidade de fazer inveja, e as meninas saltam para aterrissar no chão em spagate, de acordo com o infográfico da Paris City Vision que eu li, são 62 em todo o show. Só esse ato me deixou exausta só de ver. Quando você acha que elas vão dar uma parada, começa tudo de novo, intensidade define o Cancan.

Sobre lidar com expectativas

Na vida e especialmente nesse mundo de viagem, eu tento ao máximo em não criar expectativas, por mais que eu organize o roteiro minuto a minuto. Sei que coisas vão dar errado, ou não serão como eu sonhei, por isso tento sempre esperar o que o lugar realmente tem para oferecer quando eu chegar.  Eu não fazia ideia do tamanho que seria o salão do Moulin Rouge, nem o palco nem nada, tinha apenas noção da história. Achei o palco pequeno ainda mais para a quantidade de gente que fica em cima, mas acredito que até seja a ideia para dar bastante volume.

Eu, Julia, nunca tinha visto o filme Moulin Rouge ( sim, vergonhoso eu sei ) mas conheço pessoas que sonham com aquilo, então, primeiro passo para curtir o VERDADEIRO Moulin Rouge tire o teatro e o espetáculo do filme na cabeça para não se decepcionar.

Bônus
Se você como eu adora um cartaz de show e curte ver o estilo usado evoluindo com o passar do tempo, não deixe de dar uma olhada na página do Moulin Rouge com todos os cartazes, achei bem legal, a série que mais gostei foi dos anos 60 aos 80 .

 

Dica do Fora da Toca – Moulin Rouge

Não apareça de bermuda e sandália de dedo, você será barrado.
Chegue cedo para poder sentar com calma e curtir o espaço.

Informações Importantes – Moulin Rouge

Endereço   82 Boulevard de Clichy, 75018 Paris, França
Horário   shows às 21h e 23h
Atenção   Crianças são aceitas a partir de 6 anos
Valores especiais para crianças com menos de 12 anos
                     Proibido fotografar, ou filmar o show sem prévia autorização

 

-Dados históricos site Moulin Rouge-