Abismo Anhumas

Quando eu fiquei sabendo da existência da aventura no Abismo Anhumas, eu surtei! PRECISAVA colocar no meu itinerário de qualquer forma!! Depois de aceitar o valor do investimento (é um pouquinho salgado, mas vale cada centavo!!) confirmamos a reserva com a agência e fiquei me mordendo de ansiedade até o dia, afinal, seria minha primeira ( de muitas ) viagens de estilo aventura. No dia anterior ao passeio fomos nos endereços indicados para fazer o teste de rapel e experimentar a roupa de mergulho, tudo tranquilo e rapidinho.

A “prova” do rapel consiste em subir e descer 3 vezes uma corda de uns 6m de altura com boldriê ou cadeirinha (fique livre para escolher o nome que prefere). A parte mais dificil é subir, onde num sistema digamos de “minhoca mede – mede” que você vai subindo com a força da perna. Ideal a caminhada enorme que fiz antes não é? ( contei nesse post aqui ) Sintam todo o glamour e toda a minha técnica de desenvoltura na subida.

Depois de devidamente aprovada, com papéis de seguro assinado, fui experimentar a roupa de borracha para a flutuação no Abismo no dia seguinte. Como já falei, eles são muito organizados.

Para o passeio ao Anhumas é preciso acordar bem cedinho, 7h estava marcada a saída, e para minha agonia, acabou que o transporte atrasou, porque o pneu tinha estourado e ninguém nos avisou. Fiquei com medo de perder o passeio mas no final tudo deu certo, chegamos a tempo. A entrada para o abismo fica depois de grande campo de soja. Você desce do carro, e anda uns metros numa trilha de terra batida, a chegada é em um deck de madeira. Lá você tem a opção de andar até um mirante para observar/ admirar a fenda por onde entra luz no Abismo, e nesse momento é quando você se toca do tamanho do “buraco”, e tenta fazer a cara mais natural do mundo para a foto.

Minha cara de "onde eu me meti" — Minha melhor cara de “onde eu me meti”

O Abismo Anhumas foi descoberto por um peão depois de uma queimada na região em 1970, apenas em 1999 que o Abismo foi aberto para visitação. A única entrada/saída do Abismo por onde descemos, é mini só passam 2 pessoas, realmente apertadinho, apesar da grande fenda que vimos no deck. A descida tem 72m e a única forma para entrar quanto para sair é de rapel. A equipe que nos acompanhou foi super simpática, eles já tem todo um esquema para fazer nossas fotos enquanto descemos com nossas próprias máquinas, depois elas descem num saquinho a parte, super pratico, tudo é muito bem organizado. Um casal depois de nós não foi lá muito feliz no processo de registro, o cara foi com uma Gopro no capacete mas esqueceu de ligar para gravar, um pecado.

Atenção no "tamanico" do espaço que temos para passar — Atenção no “tamanico” do espaço que temos para passar

Descer é mole, você afasta o pescoço da corda para não queimar, e regula a velocidade na mão através de uma alavanca, super simples. Da muita vontade de parar no meio para fotografar a vista é lindo de mais! Mas não pode hehe. Chegamos no deck flutuante, e nos juntamos aos outros visitantes para trocar a roupa e fazer a flutuação. O deck flutua por dois motivos, não destruir o lugar e para se adequar as alturas da “maré”. Apesar de aparentar ser um lugar fechado, existem mini fissuras por onde a água entra e dependendo da quantidade o nível de água no Abismo sobe ou desce.

Para quem tem carteira de mergulho a aventura é ainda mais completa!

Além da flutuação, quem tem carteira de mergulho pode pagar um pouquinho mais para descer até 18m entre os incríveis cones de calcário. Quase não tem vida nessas águas, reparei uns peixinhos micro quando fomos mergulhar, no fundo tem a ossada de um tamanduá que caiu no Abismo. Tirando isso é a beleza dos cones com a água cristalina que roubam a cena.

os cones de calcário que vimos na flutuação e no mergulho | Foto: Marcelo Krause para o Abismo Anhumas

Nos disseram que a água do abismo era super gelada, meu conceito de água gelada é verão do Rio de Janeiro ou as águas de Arraial do Cabo, aquela que você entra e em menos de 10 segundos seu pé está quase congelando, o contato com os dedos foi perdido e você praticamente sente os cristais de gelo cobrindo a pele. A água é geladinha, mas com a roupa de borracha é muito tranquilo de aguentar, friorentos de plantão, acreditem em mim, eu sou a pessoa que morre de frio por qualquer coisa. A roupa te ajuda a flutuar sem grande esforço, mas ao mesmo tempo te atrapalha horrores se quiser tentar mergulhar fundo.

Um dos poucos momentos em que o sol deu o ar da graça

Dei bobeira de não levar minha câmera subaquática para a flutuação, mas é a vida…aprendizados que levo para outras viagens, em resumo ando sempre carregada com mil câmeras e acessórios.

Quando saímos da água nos levaram num bote inflável para dar uma volta pelo Abismo contando um pouco da história. Tirar foto lá em baixo é bem complicado pela falta de luz, e o fato do deck ser flutuante faz com que todas saíram levemente tremidas. Mas sinceramente isso não atrapalha em nada a beleza do Anhumas.

Bateu vontade de ir ao banheiro em pleno Abismo?! Fica tranquilo para ir ao banheiro no Abismo você sobe uma escadinha de madeira e da de cara com essa peça tecnológica. Todo dia eles tem que esvaziar esse pinico sofisticado com um saco especial que sobe pela corda, como já disse só existe essa entrada/ saída. O que importa é que funciona e não contamina o ambiente da atração.

Esperar para voltar a superfície que foi dureza, lá dentro não bate sol e depois de um tempo esperando, começa a bater um frio que vocês não fazem ideia! O casal que subiu antes da gente demorou em torno de 40 min ( !!! ) para fazer o percurso, quando o normal seria uns 15 min. Claro que cada pessoa tem seu tempo, mas demorou pacas. Tanto a subida quanto a descida sempre são feitas em dupla, mesmo que você esteja sozinho, será pareado com alguém, caso não tenha mais visitantes para fechar o número, um instrutor vai com você. “Ah, mas e se eu empacar no caminho ou ficar exausto?!” – Pode ficar tranquilo, eles tem a opção de içar você até a saída, mas todos são incentivados a tentarem fazer a subida no seu próprio tempo.

Para todos que acham que as mulheres sofrem para subir, fiquem sabendo que de acordo com eles (os instrutores do Abismo) os homens que normalmente tem mais problema, já que toda a força feita é com as pernas, e sendo muito sincera, se você pega o jeito é SUPER tranquilo, o difícil é controlar a adrenalina hehehe.

Um dos campos de soja do caminho de volta

Voltamos para a cidade já no fim da tarde. Aproveitei para passear pelas lojinhas e provar o tal do sorvete assado, nada mais é do que o sorvete na parte de baixo uma clara em neve queimada com maçarico, é gostosinho. De noite mais uma vez fomos ao Taboa para um lanchinho, dessa vez costelas de Pacu, estava delicioso, mas confesso que dava muito trabalho para comer. O ponto alto acaba sendo sempre os sucos regionais, abatizados com álcool ou não.

O sorvete assado, as costelinhas, e as lindas e deliciosas caipirinhas de Cupuaçu e Graviola

Dica do Fora da Toca – Abismo Anhumas

Levar um casaco por que faz frio lá em baixo, e um lanche para esperar até a hora de voltar. Alguns hotéis como o nosso ofereciam um lanche (pago) para levar para os passeios, evitando assim que os hóspedes levem “kits” próprios com a comida do café da manhã.

Use meias altas para o passeio para evitar queimaduras com a corda.

Atenção a compra do passeio, ela só pode ser feita através das agências de turismos de Bonito cadastradas! Você pode conferir essa lista aqui no site da Abaetour .