Está em Manaus? Tá com tempo sobrando? Então esse post é para você! A cerca de 40 minutos do centro, no limite da cidade de Manaus com a reserva florestal Adolpho Ducke, você encontra o MUSA. Criado em 2009, o Museu da Amazônia ocupa uma área equivalente a 1% da reserva. A reserva por sua vez tem aproximadamente 10.000 hectares (100km²), inicialmente ela foi estudada pelo botânico Adolpho Ducke na década de 40, hoje é administrado pelo INPA.
Por que tempo sobrando? O MUSA é bem afastado do centro da cidade de Manaus e leva um tempo, como eu disse, para chegar. Como estávamos a pé na cidade, pegamos um UBER, o valor varia bastante conforme a hora que você vai, não é baratinho, mas nós acabamos convencendo um casal amigo nosso a ir junto então não ficou tão caro.
O museu pode parecer fechado quando você chegar, mas basta ir até o portão que alguém te atende. Na bilheteria eles informam quando será a próxima visita guiada, basta esperar um pouco. Eu, particularmente, adoro visitas guiadas, sinto que absorvo muito mais do que só lendo, até porque tem alguém para tirar suas dúvidas e esclarecer curiosidades. O nosso guia sabia muita coisa sobre muita coisa (ê frase bonita, mas foi assim mesmo haha), então a visita ficou ainda mais interessante.
Ainda na entrada você pode observar alguns peixes amazônicos em aquários, como o Poraquê, o peixe elétrico, que tem baixa visão e é bem esquisito, lembrando uma enguia.
Sobre o Poraquê (retirado do site do MUSA)
“suas biobaterias recarregáveis ocupam 3/4 do seu corpo e alimentam a criação de um campo elétrico que o envolve como uma capa sensível. Através dessa capa, o poraquê detecta obstáculos e outros peixes. Quando a capa-campo elétrico é perturbada por um predador ou uma presa, ele intensifica o campo elétrico provocando uma descarga elétrica que afugenta o predador ou paralisa a presa, que ele localiza e devora.”
Precisei repostar porque achei muito incrível, o Poraquê é fascinante. Sinto muito pela qualidade das fotos dos aquários, mas fotografar sem reflexo é uma missão quase impossível. Aproveitando a deixa, quero deixar registrado aqui, porque ouço isso várias vezes, as MOREIAS MARINHAS NÃO SÃO PEIXES ELÉTRICOS, mordem pior do que um cachorro, mas não são elétricas, na minha visita ao AquaRio escutei algumas vezes essa afirmação.
O passeio começa pela trilha no meio do mato, conforme andávamos parávamos para observar algumas árvores. Cada uma mais incrível que a outra em diversos aspectos, não só o tamanho e a exuberância mas também as inúmeras utilidades e características de cada uma. Uma dessas árvores interessantes é o Breu Branco ( tem outras cores) que pode prover resina para sabonetes, servir de repelente, filtro e até mesmo para isolar cascos de barcos.
Angelim- Pedra ou Angelim- Vermelho que vimos tinha cerca de 43m podendo chegar a 60m e mais de 1000 anos, esse ao que parece era “jovem” com seus reles 600 anos. O nome “pedra” é devido à resistência de sua madeira, muitas vezes usada para postes e colunas. Suas raízes se espalhavam por todos os lados já que é uma árvore de raízes superficiais, sendo fácil vê-las pela trilha.
Já o Matamatá, que pode chegar a 35m, é uma curiosa árvore conhecida como interfone de índio. Eram usadas para a comunicação, com pancadas em suas raízes o som percorria grandes distâncias.
O MUSA tem algumas tendas e laboratórios na mata que abrigam exposições, como a “peixe e gente” onde podemos observar algumas espécies de peixes pequenos que habitam os rios da amazônia. Vários deles com suas lendas e histórias específicas contadas pelos indígenas.
Como os sarapós, que dizem terem se originado das tripas do Diabo sem Cú após sua morte. Bom a lenda do Diabo sem Cú, é outra história.. Além disso pudemos conhecer diversos tipos de armadilhas utilizadas para caça de peixes no rio, a maioria armadilhas que não os ferem.
E se te contar que formigas podem ser um excelente repelente natural para mosquitos? As Formigas Tapiba, habitantes desses formigueiros nos troncos das árvores, quando mortas, deixam um cheiro que espanta mosquito. Você pode testar, colocando a mão sobre o formigueiro elas saem e sobem na sua mão, mas fique tranquilo o cheiro é bem delicado.
O Laboratório experimental de serpentes, é para quem não se incomoda com os répteis. Vários aquários abrigam algumas espécies de cobras, a maioria encontradas na amazônia outras de fora. Atualmente eles possuem 2 exemplares peçonhentos, a Jararaca-do-norte e a Cascavel-de-quatro-ventas.
Nunca tinha visto uma cascavel ao vivo, e te dizer, apesar de todo meu carinho por cobras, ela tem disparada a pior cara de má que já vi, ela transpira respeito, e para nossa alegria não faz parte do bioma Amazônico.
Já a jararaca apesar do nome famoso tem uma “ar” mais simpático. Achei as informações no laboratório ( além do guia claro ) super interessantes. Nos totens você pode aprender um pouco mais sobre os diversos tipos de dentição das cobras, como elas se locomovem e até mesmo sobre a troca de pele.
Bônus
Uma coisa que acho legal deixar aqui é a diferença para quem ainda não sabe de animais venenosos e peçonhentos. Venenosos são animais que produzem substâncias tóxicas ( veneno ) mas não possuem uma forma de inoculá-las ( como dentes, ferrões etc…), ser envenenado depende de contato com eles, ingestão ou compressão (caso da maioria dos sapos venenosos) para que o veneno saia.
A propósito o que os sapos esguicham quando são encurralados é xixi e não veneno, e o xixi é zero tóxico Já os animais peçonhentos, como algumas espécies de cobras, além de produzir a toxina, possuem meios de injetá-las, como dentes e ferrões…no caso de algumas cobras peçonhentas as glândulas de veneno são ligadas diretamente ao dentes que são ocos para introduzir o veneno na vítima.
Das cobras não peçonhentas no laboratório você pode conhecer uma sucuri, a colorida suaçuboia ( chega a 1.5m), jiboia ( chega a 4m), jiboia-arco-íris ( chega a 2m) e a simpática cobra-cipó ( chega a 2m) . Já do lado de fora do laboratório, em jaulas maiores, ambientadas e individuais encontramos uma jibóia bem esconda no meio do mato, deu um pouco de trabalho mas conseguimos enxergar ela enroladinha no meio da jaula.Eu tenho uma simpatia muito grande pelas Jibóias, especialmente depois da visita ao Projeto Jibóia em Bonito, confira aqui.
Um dos charmes da visita é conhecer o lago das vitórias-régias, com sorte você além de poder várias abertas consegue ver a flor em diversos estágios diferentes. A folha da vitória-régia consegue suportar até 30kg, é uma engenharia muito impressionante.
Ao lado do lago das belíssimas vitórias-régias, o grande Aquário Denis e Luciana Minev (6m de comprimento) com peixes da amazônia é uma atração incrível! Já que a visibilidade das águas dos rios é baixa devido a coloração e aos detritos do próprio rio.
O aquário de água cristalina permite os visitantes admirarem as espécies que habitam o rio, e é impressionante, não só o tamanho dos animais, mas também seus formatos e características. Nesse tanque você pode encontrar: os enormes e famosos pirarucus, peixes ósseos que chegam a medir 2m e pesar 200kg. A característica mais interessante que achei do pirarucu, além das escamas que são amplamente usadas como lixas, é que eles apesar de possuírem brânquias, depois que crescem não as usam para respirar, eles dependem de uma bexiga natatória que funciona como um pulmão.
Além de outras espécies como o Tambaqui (chega a 1m e mais de 30kg ) uma delícia da cozinha manauara, aruanãs (chega a 1m e 5kg ), pirararas (chega a 1.8m e 80kg ) um peixe de couro onivoro e o único peixe que se alimenta das famosas piranhas. Meu encantamento no tanque ficou por conta do exótico cuiú-cuiú ou abotoado, um peixe de couro bem exótico com placas ósseas com espinhos nas suas laterais que lhe dão um ar meio de dinossauro, ele pode chegar a medir 80cm e pesar 10kg.
Agora vamos falar da grande atração do MUSA, sua gigantesca torre de observação com 42m. Você pode optar por comprar a entrada com ou sem a subida na torre. Essa parte do passeio fica para o final da visita, e pernas para que te quero para encarar os 242 degraus da subida.
Ah têm alguns patamares entre andares, bons para dar uma paradinha e pegar um ar. Parar em cada patamar para observar a floresta em várias alturas é incrível.
Pode parecer puxado e você pode até não querer encarar, mas se puder faça uma forcinha, a energia que você sente da floresta é incrível, e a vista de tirar o fôlego, ou o resto dela depois da subida. No topo alguns banquinhos estratégicos esperam você para admirar e se recuperar para a descida.
Depois de recuperar o fôlego, voltamos à entrada do MUSA e esperamos nosso Uber para voltar ao centro da cidade, com horário do rush menor, conseguimos pagar um pouco menos no retorno.
Obrigada Robson por uma visita guiada incrível, fantástico todo o conhecimento que você consegue compartilhar de forma tão leve.
Vale a pena conhecer o MUSA?
Como eu disse no começo do post tendo tempo por conta da distância, vale muito, é uma imersão não só na Floresta Amazônica como em toda a cultura que a envolve. As visitas guiadas são muito ricas e absorver tantas informações de forma tão leve é muito prazeroso.
Dica Fora da Toca – Museu da Amazônia
Vá com um sapato confortável, garrafinha de água e repelente. Se bem que, vou confessar…só vi um mosquito em Manaus, e foi no banheiro do hotel…
Mesmo que você esqueça a garrafinha d’água, eles tem uma lanchonete lá que vende água, além de uns belisquetes.
Informações importantes – Musa – Museu da Amazônia
Ingressos
Visitas guiadas: R$ 20,00 ( valor 2018 )
Subida na torre (com ou sem guia): R$ 20,00
Meia-entrada estudantes, idosos brasileiros e moradores de Manaus (apresentar identidade e comprovante de residência)
Entrada gratuita crianças até 5 anos
Mais informações sobre valores no site do MUSA
Endereço Av. Margarita (antiga Uirapuru), s/n – Cidade de Deus – Manaus, AM
Horário Diariamente (exceto quartas-feiras), das 8h30 às 17h (o portão de entrada fecha às 16h)
Quartas-feiras somente por agendamento
Informações e agendamento Tel. (92) 99280-4205 | agendamento@museudaamazonia.org.br
Atividades em horários especiais
Observação de aves na torre: R$ 50,00
Nascer do sol na torre: R$ 50,00
Pôr do sol na torre: R$ 50,00
Pôr do sol na torre + trilha noturna: R$ 80,00
( valores 2018 )
Segunda a domingo, todas as atividades em horários especiais somente por agendamento
Avisos Menores de 14 anos devem ser acompanhados por responsável. Recomendam o uso de calçado fechado.
informações sobre animais peçonhentos e venenosos retiradas do site Diário de Biologia e informações complementares do passeio retiradas do site do Musa