O Teatro Amazonas é uma pérola em Manaus. Difícil passear pelo centro da cidade e não reparar nele. Eu adoro uma visita guiada hehe, e a do teatro vale muito a pena MESMO, recomendo a todos esse passeio. Combinei a visita com a blogueira Patrícia do Meu planejamento de viagens, que foi minha amiga oculta em uma troca de cartões de fim de ano pela RBBV, quem diria que um ano depois eu estaria visitando a foto do cartão postal.
Depois de comprar o ingresso, a guia nos recebe no salão no térreo, e partindo daí começamos a visita pela platéia do teatro, onde podemos sentar nas cadeiras enquanto escutamos um pouco da história do lugar.
O Teatro Amazonas foi idealizado no final do século 19 durante o ciclo da borracha, quando Manaus se tornou o centro econômico do Brasil. Como os franceses ficavam muito tempo em Manaus para cuidar dos seus lucrativos negócios, a influência européia se tornou clara na cidade, a segunda língua era o francês, roupas, comidas e hábitos franceses eram amplamente copiados, a tal ponto de Manaus ficar conhecida como Paris dos Trópicos.
Em 1881 o primeiro projeto para o museu foi apresentado pelo Deputado Antônio José Fernandes, justificando que a cidade precisava de um lugar para as apresentações teatrais. 3 anos depois as obras finalmente começaram, e somente 12 longos anos depois o teatro abriu. A demora para a execução do projeto não foi só um quesito administrativo, mas também devido a origem dos materiais para a obra. Praticamente TUDO vinha de fora! As telhas vieram de Alsácia (França), o aço de Glasgow (Escócia), o mármore de Carrara (Itália) Levava de 3 a 6 meses para o material sair da Europa para Manaus, por conta disso as obras começavam e paravam constantemente, além dos entraves políticos e administrativos.
Com a entrada do governador Eduardo Ribeiro o andamento das obras deu um salto! Eduardo era um militar Maranhense, e foi o primeiro negro a governar o Amazonas. Infelizmente acabou se afastando do governo meses antes da inauguração. Sues esforços para a execução do teatro são tão reconhecidas que ele é homenageado em vários lugares como na boca de cena e no busto em exibição no hall de entrada.
Em 31 de dezembro de 1896 finalmente o Teatro Manaus abre as portas! O busto em brozne de Carlos Gomes homenageia o famoso compositor criador da ópera “O Guaraní”, infelizmente ele faleceu em 16 de setembro de 1896 e não pôde ver o teatro finalizado. Seu busto antigamente ficava exposto do lado de fora do teatro, após uma das reformas ele foi levado para dentro, ainda é possível encontrar outro busto ( de gesso) na varanda do segundo andar.
O Teatro Amazonas passou por reformas através dos anos, como em 1929 onde motivos regionais adornavam o hall de entrada e outra em 1974 a maior reforma que colocou ar condicionado no prédio.
O salão do Teatro Amazonas é charmoso e acolhedor, lembra bastante o Teatro Municipal de Niterói, aqui no Rio, claro, muito mais rico e glamuroso, podendo abrigar até 701 pessoas. A riqueza pode ser vista em cada detalhe, das luminárias, ao acabamento das colunas. As lindas cadeiras individuais são forradas de vermelho. Já os camarotes, que ocupam as laterais da platéia e o segundo andar tem 5 lugares cada.
O central ricamente enfeitado com cortinas vermelhas e um grande brasão abre apenas para o governador, e já recebeu o Papa. Já os outros camarotes eram leiloados para que os mais ricos da cidade pudessem assistir os espetáculos, hoje em dia abrem para venda como qualquer outro lugar do teatro.
As belíssimas pinturas do teto foram feitas pelo artista pernambucano Crispim do Amaral. A divisão das cenas no teto lembram a Torre Eiffel vista de baixo. O lustre é feito com mais de 200kg de bronze. As “carrancas” no topo das colunas representam o Teatro Grego e os nomes abaixo são de músicos e autores importantes. Já o enorme pano de boca com a cena se fechando em cima do brasão, representa o fim da monarquia e o começo da República.
No corredor, um armário guarda alguns itens históricos além de exemplos das telhas cerâmicas que adornam externamente a enorme cúpula do teatro. 35 mil peças de cerâmica esmaltadas e vitrificadas vindas da Alsácia, uma região na França, formam uma analogia com a bandeira do Brasil.
Além das telhas de cerâmica, peças do lustre de cristal vindo de Murano, que ficam no salão nobre e foi restaurado em 1990 estão expostas, assim como antigas placas de sinalização do teatro entre outras peças antigas. Mas o item mais interessante sem dúvida é um exemplo de “paralelepípedo” usado ao redor do teatro, onde eles colocaram borracha em sua composição, para silenciar o barulho das carruagens e casco dos cavalos, assim o som não atrapalhava os espetáculos, genial não é?
Seguimos nosso passeio no segundo andar. Repare em um grande espelho no corredor, ele é chamado de espelho da verdade por ser feito com duas camadas de cristal e devido a isso refletir de forma mais real que qualquer outro. A vista do segundo andar para a plateia tem seu charme especial, e é uma ótima oportunidade para fotos de outros ângulos.
No Salão Nobre, que só foi aberto ao público em 1901, tem no teto lindas pinturas do artista italiano, Domenico de Angelis, pinturas essas trabalhadas com técnica de perspectiva, assim a deusa pintada sempre parece estar olhando para você não importa para onde você andar, eu testei hehehe. O piso do salão é feito de diversos tipos de madeiras como, magno e carvalho. A variação dos tipos de madeira cria um lindo trabalho tipo marchetaria. As colunas apesar de parecerem mármore são de gesso, o excelente trabalho de pintura que “engana” a gente.
Uma paixão de criança no segundo andar é a réplica com quase 30 mil peças de Lego do Teatro Manaus. Na década de 60 a Lego montou essa maquete em sua sede na Dinamarca e como tinham uma fábrica em Manaus, mandaram para a filial manauara, até que fecharam a fábrica e o teatro de Lego foi abandonado no subsolo, quando a empresa Recofarma se instalou no antigo prédio da Lego e encontraram a maquete, doando para o teatro em março 2001. Mas espera, a maquete é cinza, o teatro é rosa… ? Na década de 60 o teatro foi pintado de cinza devido a ditadura militar. Ainda no segundo andar, uma sala guarda maquetes de palcos de óperas e alguns figurinos. Já a última sala por qual passamos tem alguns instrumentos em exibição.
Não seria um post meu se não falasse da lojinha! A maioria dos itens a venda tem mais a ver com os índios do que com o teatro ou o universo dos ballets, óperas e concertos. Muitos colares, cestos, jarros…Óbvio que adquiri um imã do teatro, um dos poucos itens que escapa da lista que falei, mas fiquei meio decepcionada de não ter um guia, brochura ou livro de um lugar tão lindo como o Teatro Amazonas.
Olha, se for falta de designer, estamos ai! hehehe
Ah sim! Já ia esquecendo o Teatro Amazonas tem um café super simpático, chamado “La Gioconda Caffé” com entrada pela lateral, vale uma passadinha.
Obrigada a guia Roberta que foi super simpática e solícita durante a visita, bons guias fazem toda a diferença nesses passeios. Obrigada também a Patrícia pela companhia na visita, é muito legal conhecer os blogueiros com quem falamos só pela internet.
Dica do Fora da Toca – Teatro Amazonas
O teatro tem vários espetáculos e festivais. Sempre vale conferir na bilheteria o que está passando, para ter o prazer de assistir um espetáculo no Teatro Amazonas. Algumas vezes as atrações são gratuitas, em dezembro só não fui assistir porque estava tão cansada que fiquei com medo de dormir e passar vergonha.
Informações importantes – Teatro Amazonas
Ingresso R$10
Horário Terça a sábado, das 9h às 17h | Domingo e Segunda, das 09h às 14h
Endereço Av. Eduardo Ribeiro, 659 Centro
– Informações históricas complementares a visita guiada retiradas do site A Critica e Cultura Amazonas –
Esse tipo de visita guiada eu gosto porque você fica conhecendo vários detalhes da história do local!
Exatamente! Acho Maravilhoso sempre que tem essa opção, ainda mais quando a visita é tão rica assim. =) Continue nos seguindo